RODA DE CONVERSA SOBRE AUTISMO UNE ENTIDADES EM BUSCA DE SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS COMUNS

Na última quinta-feira (11), o deputado Alisson Wandscheer organizou uma roda de conversa com entidades e representantes dedicados à causa do autismo de Curitiba, São José dos Pinhais, Piraquara, Pinhais, Fazenda Rio Grande, Lapa e General Carneiro.

Realizado em um clima de colaboração, o evento destacou a importância do diálogo e do apoio mútuo na busca por soluções para os desafios enfrentados pela rede de apoio ao autismo. “A nossa proposta é ouvir, dar voz às entidades, entender como podemos atuar para melhorar as condições de trabalho de quem é o primeiro ponto de apoio das famílias atípicas. Como deputado, consigo atuar junto ao poder público, aos prefeitos, levando ideias para que se coloque em prática o que é preciso”, explicou.

Oportunidades

Pai de um filho autista de 17 anos, Alisson compartilhou a sua vivência, dificuldades e conquistas desde o diagnóstico até agora. “Tive a condição de dar as terapias necessárias para que o meu filho se desenvolvesse. Hoje ele está bem entrosado na escola, na igreja, na família. A minha vida é mais ou menos como a vida de todos vocês. Muitas das terapias que conseguimos proporcionar para ele deram resultado porque, também nós, como família, fizemos em casa a nossa obrigação, porque só terapia não vai funcionar. Conseguimos fazer com que ele compreendesse muitas coisas. Hoje ele fala sobre o assunto, compreende a diferença dele e sabe que essa diferença pode ser uma vantagem para chegar mais longe por ver o mundo de forma diferente”, contou o parlamentar.

Papel das entidades

Alisson valorizou o papel das entidades que trabalham incansavelmente e com muitas dificuldades para atender as lacunas deixadas pelo poder público. “Hoje as entidades estão suprindo aquilo que é obrigação do poder público, mas que ainda não tem condição de fazer. Autismo é um assunto muito contemporâneo e os gestores públicos não pensaram num prévio orçamento para atender essa nova demanda crescente. Por isso, é importante cada dia mais entendermos os direitos, compreendermos até onde vai. A gente escuta muita coisa e muitas vezes essas informações nos levam a buscar aquilo que não é verdade. Gastamos energia focando naquilo que não vai dar resultado, ao invés de cobrar do poder público a sua real responsabilidade”, disse.

União pela causa

Representantes das entidades compartilharam suas experiências e desafios. Os depoimentos, da falta de acesso a terapias até a sobrecarga diante da crescente demanda por atendimento, mostraram que ainda há muito a ser feito. “A união e o comprometimento fortalecem a rede de apoio na busca por soluções e garantias uma vida digna para as pessoas autistas e suas famílias”, afirmou o parlamentar.

Orientações jurídicas

Convidada especial da Roda de Conversa, a advogada Aline Martinêz compartilhou valiosas informações sobre os direitos das pessoas autistas, esclarecendo dúvidas e fornecendo orientações jurídicas essenciais para garantir o cumprimento da legislação vigente. Do laudo médico até a aposentadoria, ela explicou para os presentes que é fundamental conhecer as leis, enfatizando que muitos desses direitos podem ser pleiteados diretamente pelos pais junto aos órgãos competentes, sem necessidade de assessoria jurídica. “O autista é considerado uma pessoa com deficiência. Devido a isso está enquadrada no Estatuto da Pessoa com Deficiência e outras leis que apoiam os seus direitos. A maioria desses direitos, ensino que não precisa de advogado para isso. Na maior parte são direitos administrativos que os próprios pais podem pleitear junto aos órgãos, para si como pessoa autista adulta ou seus filhos”, explicou.

Impacto na educação

A orientadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de General Carneiro, Dulcídia Miersch, falou da importância do apoio para as famílias dos autistas em seu município. “O trabalho do deputado Alisson com as famílias dos autistas é de extrema importância para o nosso município.  Nós temos 34 alunos na rede regular de ensino com o diagnóstico de Tea e participar desta roda de conversa, interagindo com outras famílias, buscando saber as dores e os sofrimentos destas famílias, faz com que nós, enquanto Secretaria de Educação, possamos aprimorar e melhorar ainda mais o trabalho com os nossos alunos”, disse.

Com 57 anos de atuação em Curitiba e Região Metropolitana, a Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (AFECE), atende 220 pessoas com deficiência intelectual de alta especificidade. Seus representantes na Roda de Conversa, a relações institucionais Michele Alves Faustino e o psicólogo André Cervi, contaram que a entidade é referência no trabalho desenvolvido com autistas e por isso a procura por matrículas é crescente. “Infelizmente não conseguimos atender toda a demanda. Temos uma fila de espera de mais de 200 pessoas, crianças e adultos, e é uma dor ver crianças que ficam na fila de espera. Recebemos muitos estudantes que não se adaptaram à escola regular e buscam o ensino especial para terapias e suporte com equipe multidisciplinar”, disse Michele.

Pequenas cidades

Camila Schefer Pierin, mãe de um menino com deficiência múltipla, uma delas o autismo, representou o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da Lapa, onde levantou as dificuldades de atendimento especializado nas pequenas cidades. “Graças a Deus a gente consegue dar o tratamento ideal para o nosso filho, mas eu acompanho muitas mães que precisam fazer terapias em Curitiba, porque falta atendimento na nossa cidade. Elas enfrentam muitas dificuldades. Na Lapa, a APAE faz um trabalho muito bonito, mas está ficando sobrecarregada com as muitas crianças autista que procuram por matrículas. Os recursos já são insuficientes para o número de atendimentos”, contou.

Família

Professora da educação especial há 27 anos e fundadora da Associação AFAPE, Denise Ribas Campos falou sobre o apoio à família. “Eu acredito e sei que a família, quando recebe o diagnóstico de autismo, adoece muito mais do que a própria pessoa. A família é a base, é a raiz que precisa do tratamento. Diagnóstico não deve ser a sentença e vejo quanto nós precisamos de políticas públicas”, afirmou. 

Participaram da troca de experiências: Associação de Pais e Amigos do Autista Ametista, Mães Especiais Que TeAcolhem, Associação Serpiá, Amcip, Conselho Municipal de Pessoas com Deficiência e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da Lapa, Secretaria Municipal de Educação e Escola Municipal Professora Therezinha K. da Rocha de General Carneiro, Mães Amigas TEAcolhem, AFAPE, Projeto Geovana Jóias Raras, AMCIP, Associação Reduto, Associação Mundo Azul.

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