ROCK IN RIO TEM ESPAÇO SENSORIAL PARA PESSOAS COM AUTISMO E DEFICIÊNCIAS NÃO VISÍVEIS

Celebrado, o lugar estreou no The Town, no ano passado, e também foi montado no Rock in Rio Lisboa, em junho de 2024

Uma das novidades mais celebradas desta edição do Rock in Rio tem sido o espaço sensorial para pessoas autistas, com deficiência e qualquer um que precise dar uma pausa dos estímulos do festival.

É a primeira vez do espaço na cidade, mas sua estreia foi no The Town, no ano passado, e ele também foi montado no Rock in Rio Lisboa, em junho de 2024.

O militar da reserva Nilo Adeodato, de 52 anos, levou o filho Rafael, de 11, que é autista, ao lugar. Eles ficaram por lá por meia hora, mas pretendiam voltar mais vezes.

“Eu achei muito interessante, é uma iniciativa maravilhosa, acho que é bem acolhedora. O meu filho, Rafael, se sentiu bem à vontade, acolhido, isso é muito importante. É uma iniciativa pioneira, que espero que futuramente seja mais divulgada e também ampliada para todos os shows. A inclusão é muito importante”, elogia.

O espaço é baseado na técnica na metodologia da integração sensorial, criada pela terapeuta ocupacional Anna Jean Ayres, que tem como objetivo ajudar pessoas com transtorno de processamento sensorial, neurodivergentes ou não, a se regular. Lá, terapeutas ocupacionais atendem quem chega.

“A gente está recebendo aqui muita crise de ansiedade. É porque o cérebro não consegue processar esse estímulo de uma forma correta. Então, a pessoa vem para essa sala. Quando o usuário chega, eu pergunto: ‘O que você está sentindo?’. Aí ele vai falar: ‘Eu não estou enxergando’, ‘Eu estou com falta de ar’, ‘Eu estou tremendo’. E aí a gente sabe o equipamento certo para o sintoma dele”, explica a terapeuta ocupacional Isabel Scisinio, do Espaço Integrando, responsável pelo local.

Os equipamentos são da Spider, empresa que existe há 11 anos e que implantou o espaço nos eventos da Rock World, de Roberto Medina. Antes, eles só trabalhavam com clínicas e consultórios. Os materiais incluem pufes, almofadas com texturas diferentes, estruturas de lycra chamadas casulos e plataformas do mesmo material, cobertores de peso, piscina de bolinhas e almofadas.

Isabel conta que a semente do projeto é de 2017, quando Nilza Rossi, mãe de Livia Rossi (que é casada com Rodolfo Medina, filho de Roberto Medina) propôs que ela trouxesse seus pacientes ao Rock in Rio. Isabel achou loucura, mas encarou o desafio e trouxe 30 pessoas.

Em 2019 e 2022, ela repetiu a dose, mas sentia falta de um lugar onde eles pudessem se regular após tantos estímulos. “O Thiago Amaral (coordenador de operações de acessibilidade do Rock in Rio e cadeirante) me propôs montarmos uma sala sensorial, e eu chamei a Spider, todos os equipamentos da minha clínica são de lá”, conta Isabel.

Quem vai ao espaço também pode pegar emprestados kits sensoriais, com abafador, óculos escuros e spinner. Na sexta (13), foram retirados apenas cinco. No sábado (14), o número saltou para 70. Neste domingo (15), até pouco depois das 19h já haviam sido retirados cem kits.

Já o espaço sensorial vem recebendo cerca de 50 pessoas por dia, e não há tempo máximo de permanência.

Quem adquire ingresso para PCD no Rock in Rio é orientado a se dirigir para o espaço de Acessibilidade assim que chegar e buscar uma pulseira de identificação, que dá direito a utilizar banheiros adaptados, por exemplo (de uso exclusivo e unissex, para a PCD que tem um acompanhante de outro gênero não tenha problemas ao entrar).

Pessoas com deficiência auditiva podem contar com o auxílio de intérpretes de Libras e têm acesso ao Espaço Sinta o Som, localizado em frente aos palcos Mundo e Sunset, próximo ao palco e às caixas de som, que permite que a vibração da música seja sentida.

Outras ações de acessibilidade são o empréstimo de kits livres (equipamentos que transformam a cadeira de rodas em um triciclo motorizado), scooters e cadeiras de rodas manuais e elétricas.  Neste domingo (15), às 19h, 56 das 60 cadeiras tinham sido cedidas.

FONTE: VEJA RIO

Mais lidas

Leia também: