O autismo exige muitos cuidados e a falta de autonomia é uma delas, o que pode ser muito prejudicial ao bem-estar e ao desenvolvimento das crianças e jovens no espectro do transtorno autista. Por isso, é importantíssimo promover atividades que estimulem a comunicação fortalecendo sua independência. E isso vai além da fala. É preciso estar atento às atividades da vida diária.
Orienta-se que as famílias estimulem a interação social por meio de jogos e atividades que incentivem a comunicação. Se envolver em atividades que explorem o compartilhamento de interesses, em que cada um tem sua vez de participar, e também pratique com frequência a fala seja perguntando ou seja respondendo. Especialistas destacam também que quando se fala em comunicar, entende-se também a comunicação não verbal, onde a criança aponta o dedo, mostra com os olhos, faz caretas e gestos etc., porque todas são formas de transmitir uma mensagem comunicativa e cada criança terá sua peculiaridade. É importante que este cuidado se inicie nos primeiros anos de vida.
A comunicação é uma das áreas mais comprometidas em uma pessoa com TEA. Ainda na infância, é possível observar a dificuldade em se comunicar, como por exemplo, o atraso na fala, alguns autistas até conseguem falar palavras e frases curtas, porém isso não quer dizer que eles saibam especificamente o que a palavra significa. Para falar mais sobre o assunto, Jota Batista, âncora da Rádio Folha 96,7 FM, conversou no Canal Saúde com o neurocientista, Victor Eustáquio que falou sobre a superproteção dos pais que acaba atrapalhando no desenvolvimento dos portadores do TEA.
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“Essa proteção quando a gente coloca para as crianças que não se enquadram dentro do espectro, eles vão ter um desenvolvimento dentro do padrão, sim, o jovem pode ficar mais preguiçoso, mas lá na frente acaba se virando, sofrendo mais, mas acaba se virando. Mas quando a gente fala em autismo é um pouco diferente, essa autonomia, ela é extremamente prejudicada e existe uma grande possibilidade desse jovem dentro do espectro precisar pelo resto da vida de um outro adulto. Então ele não consegue superar os limites, e isso acontece com uma certa frequência. Tudo é treino, tudo na vida é treino e quando falamos em autismo, mais ainda”, explica.
O especialista falou da sua experiência com pacientes portadores do TEA: “Dentro do programa de estímulos temos o ato de arrumar a cama, então o passo a passo era arrumar a cama a partir do momento que o jovem acorda e se levanta. E dentro de várias categorias do programa um jovem que arrumar a cama era a única coisa que ele não estava conseguindo fazer. E aí na supervisão eu falei, porque será que ele não está conseguindo arrumar a cama? E aí quando eu fui observar na casa da família, a família não arrumava a cama. Não tem nenhum problema nisso, mas a família não arrumava a cama, então a criança e o jovem naquele momento, ele não tinha esse modelo de arrumação do quarto. Se a família não faz, a tendência também é que a criança não faça ou tenha dificuldade em executar, pode até executar um dia ou outro ali, mas acaba largando de mão depois, porque não tem o modelo visual em casa.”
fonte: https://www.folhape.com.br/radio-folha/autismo-e-o-desafio-da-autonomia/354205/