A noite de quinta-feira 16 foi dedicada ao TDAH. O deputado estadual Alisson Wandscheer, líder do Bloco Parlamentar Temático da Neurodiversidade na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), e o influencer Yuri Maia do canal TDAH Descomplicado, movimentaram as redes sociais numa longa conversa sobre o transtorno que acomete mais de 2 milhões de brasileiros e carece de leis e de políticas públicas em atenção a esse público. A live foi um “esquenta” para o Primeiro Simpósio Paranaense sobre TDAH, que acontece por iniciativa do parlamentar na próxima terça-feira, dia 21 de novembro, na Alep.
Por isso, o tema escolhido foi “Políticas públicas inclusivas para o TDAH no Brasil”. Durante mais de uma hora, Alisson e Yuri falaram sobre seus diagnósticos, experiências e dificuldades cotidianas causadas pelo transtorno, comorbidades, tratamento, conscientização da sociedade, envolvimento da classe política no debate, legislação e políticas públicas voltadas para pessoas neurodivergentes.
Mobilização política
A criação do Bloco da Neurodiversidade na Alep e a implantação da Frente Parlamentar da Neurodiversidade na Câmara dos Deputados, duas iniciativas encabeçadas do deputado Alisson e em Brasília coordenada pelo seu pai, o deputado federal Toninho Wandscheer, representam um passo importante para dar visibilidade à causa, provocar o engajamento da classe política e, consequentemente, incentivar a criação de leis em defesa dos direitos das pessoas neuroatípicas e de programas e ações de governo, em especial nas áreas da saúde e educação, para esses indivíduos.
Lutar pela saúde mental
A tramitação do Projeto de Lei 2630/21, na Câmara dos Deputados, também foi tema da live. O PL cria a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e é considerada peça chave para a causa. Pela proposta, indivíduo com TDAH será considerado pessoa com deficiência e terá os mesmos direitos já garantidos aos autistas, ambas classificadas como transtornos do neurodesenvolvimento. Segundo a proposta, a pessoa com TDAH terá direito integral à saúde, desde o diagnóstico precoce, atendimento multiprofissional até o acesso ao tratamento; educação inclusiva com recursos pedagógicos especiais; inserção no mercado de trabalho informal de acordo com a especificidades da deficiência. Além disso, a pessoa com TDAH não poderá ser impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência e os estabelecimentos de ensino que recusarem a matrícula serão punidos com multa de 3 a 20 salários mínimos. O PL prevê ainda o estímulo à pesquisa científica e o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com TDAH;
Transformação passa pela política
Yuri Maia destacou o ineditismo da live e a forma que o deputado Alisson escolheu para impactar a sociedade e seus pares políticos sobre o TDAH. “Essa não foi uma live comum sobre TDAH com profissionais da área. Temos um político, um deputado estadual, que é neuroatípico, que é TDAH e também tem neuroatípicos na sua família. E por esta e outras razões resolveu abraçar a causa da neurodiversidade. Nós fazemos isso para que as pessoas entendam que as nossas transformações passam pela política, pela boa política”, disse.
“Entendam esse contexto. Se você quiser alguma mudança, seja no seu município, no seu estado ou no seu país, você tem que começar a entender a importância do seu e-mail, do seu voto, da sua ligação para o gabinete para fazer com que a classe política, os agentes políticos, possam se unir pela nossa causa da neurodiversidade” – Yuri Maia
Pressão da sociedade
Para o influencer, a pressão da sociedade é fundamental. “Nós, sozinhos, não conseguimos fazer a diferença. Precisamos da pressão de todos, da participação de todos. Uma pressão positiva, com inteligência, diálogo, tocando o coração das pessoas e do parlamentar que você quer influenciar. Todos precisam se envolver e a causa política é o caminho. Não tenha medo, não tenha receio. Envolvam a família, os amigos, a escola, a faculdade e façam um movimento ordenado para que todos possamos colher benefícios num futuro breve”, falou.
Disseminar informação
Para o deputado Alisson, o importante é levar a informação, falar sobre o tema, mobilizando todas as esferas da sociedade, inclusive e mais importante, a classe política. “É importante não deixarmos de falar sobre isso, levarmos a nossa voz para quem faz leis e políticas públicas. O sucesso das conquistas sociais passa pelos nossos agentes políticos”, afirmou.
“Com informação e testemunhos, as pessoas passam a conhecer e respeitar. Isso é inclusão” – Alisson Wandscheer
Exclusão
Alisson também falou sobre o preconceito e as consequências que isso pode acarretar. “Além de ter uma dificuldade neurobiológica, você sofre o preconceito, que baixa a autoestima e a autoconfiança, levando a quadros graves de depressão, ansiedade, crises psicóticas. Esse é um problema sério. Se não for tratado pode levar a situações extremas”, explicou. O parlamentar concluiu afirmando que a sociedade não está olhando para os neuroatípicos, principalmente para os TDAH. “Com informação e testemunhos, as pessoas passam a conhecer e respeitar. O meio precisa se adaptar. Isso é inclusão”, finalizou.
